Falando um pouco sobre hipertensão arterial.
A famosa pressão alta
Hipertensão arterial é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos maiores ou iguais a 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a alterações orgânicas e funcionais, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia ( alterações no colesterol e triglicérides), obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes. Está fortemente associada a eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico (derrame), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica.
No Brasil, a hipertensão arterial atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular. Junto com o diabetes, suas complicações têm impacto elevado na perda da produtividade do trabalho e da renda familiar. Em 2013 ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%) decorrentes de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no país.
Existem alguns fatores que estão diretamente relacionados a surgimento da hipertensão. Como a idade, sexo, raça ( estudos mostram que o sexo feminino e pessoas da raça negra são mais propensos a desenvolver hipertensão), excesso de peso, consumo excessivo de sódio, consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas , sedentarismo e genética.
Como tratar e prevenir
Existem duas formas de tratamento, sendo as duas de igual importância. O tratamento não medicamentoso (sem remédios) e o medicamentoso ( com remédios) .
Tratamento não medicamentoso
Todos os pacientes devem implementar mudanças no estilo de vida a fim de controlar, e as vezes até reverter, o risco causado. É fato que alguns fatores de risco como idade, sexo, raça e genética são imutáveis, então, nos cabe mudar os restantes.
Redução no consumo de sódio, principalmente o sal, é de suma importância. Existe uma controvérsia no limite de sal diário. Alguns estudos em pacientes com dietas de restrição de sal a 2g (conteúdo de uma tampa de caneta) ao dia não mostraram beneficio, enquanto que outros sim. Outros estudos sugerem que o máximo seria de 5 a 6 g de sódio ao dia.
As dietas ricas em proteínas, fibras, potássio, magnésio e cálcio, como frutas, verduras e legumes, feijão, nozes, grãos integrais e laticínios de baixa gordura, associada a redução do consumo de os alimentos ricos em gordura saturada, açúcares e sódio têm um impacto considerável no controle da pressão arterial.
Existem evidências não muito fortes de que o consumo moderado de café, chá verde, óleos de peixe, alho e chocolate amargo podem influenciar na redução da pressão. A redução do consumo de bebidas alcoólicas também tem seu papel no controle da hipertensão.
Exercícios físicos oferecem benefícios adicionais quando bem implementados e de forma individualizada. Os aeróbicos (caminhadas, bicicleta, etc.) são os mais indicados para auxiliar no controle e prevenção da hipertensão arterial. Os anaeróbicos (musculação, pilates, etc.) tem algum impacto, mas seus resultados são significativos quando associado aos exercícios aeróbicos.
O tabagismo aumenta o risco para mais de 25 doenças, incluindo a doenças cardiovascular. O hábito de fumar é apontado como fator negativo no controle de hipertensos, no desconhecimento da hipertensão e na interrupção do uso de medicamentos antihipertensivos. No entanto, não há evidências que a cessação do tabagismo reduza a PA.
O controle do estresse é de suma importância quando pensamos em redução e controle de fatores de risco. Estudos sobre as práticas de gerenciamento de estresse apontam a importância das psicoterapias comportamentais e das práticas de técnicas de meditação, e relaxamento no tratamento da hipertensão.
Tratamento medicamentoso
Quando iniciamos um tratamento para o controle da pressão arterial, visamos reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Existem estudos científicos que demostraram mais benefícios com o uso de algumas classes de antihipertensivos em relação a outras e é de extrema importância consultar um médico para que este tratamento possa ser implementado de forma precisa.
Cada medicação tem características próprias de absorção e com tempos de ação variados no organismo, por isso o uso de uma, duas ou mais vezes ao dia. O uso incorreto pode influenciar na eficiência do tratamento.
O tratamento sempre deve ser de forma individualizada, avaliando e reconhecendo os fatores de risco de cada um, mas a execução do tratamento depende do compromisso do paciente em implementar as mudanças de estilo de vida e do uso correto das medicações.
Fonte: 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia